Imprensa

24.08.2023

Migração ajudou maioria dos municípios da RMS a crescer em 12 anos

Jornal Cruzeiro do Sul, de Sorocaba – 23/08/2023

Entre 2010 e 2022, o aumento populacional paulista se manteve devido ao saldo vegetativo — diferença entre os números de nascimentos e óbitos –, visto que o saldo migratório — diferença entre entrada e saída de habitantes — foi negativo, de acordo com estudo da Fundação Seade – Sistema Estadual de Análise de Dados -, com base nas estatísticas do Registro Civil e nos resultados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As estimativas para os saldos migratórios dos municípios paulistas indicam que, entre 2010 e 2022, 295 deles apresentaram valores positivos e 350 negativos, ou seja, em mais da metade dos municípios paulistas as saídas superaram as entradas de migrantes.

No entanto, na contramão da maior parte do território paulista, a Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) teve saldo migratório positivo entre 2010 e 2022 de 5,79 pessoas por mil habitantes. O município que mais recebeu moradores no período foi Iperó — 14,98 por mil habitantes –, seguido de Capela do Alto — 14,01 por mil habitantes. Salto ficou em terceiro lugar na RMS, com 13,38. Na sequência, vêm Alambari — 13,06 — e Boituva 11,39.

Sorocaba — que teve o segundo maior crescimento populacional do Brasil em números absolutos neste mesmo período de 586.625 para 723.574 habitantes– ficou na sexta colocação do ranking regional, com 10,60 migrantes por mil munícipes.

Empregos atraem moradores
Conforme o professor e economista Geraldo Almeida, a RMS atraiu habitantes nos últimos anos por diversos fatores, entre eles os investimentos de empresas nos municípios, o que gera emprego. Outra questão é a pandemia. Com a mudança no formato de trabalho presencial para o home office, muitas pessoas optaram por sair da Capital e viver no interior. No entanto, o professor explica que a crise sanitária potencializou as migrações, porém, não foi o fator determinante para a chegada de todas essas pessoas.

“A Região Metropolitana de Sorocaba foi a última a receber muitos investimentos. Então, várias coisas podem explicar isso, primeiro a vinda desses investimentos. A pandemia vem só em 2020 e tem essa mudança no mundo do trabalho, mas muitos investimentos vieram para a região antes e esses investimentos têm prazo de maturação, eles demoram para começar a gerar todos os empregos e ficar em pleno funcionamento. Então, a mudança do mundo do trabalho que a pandemia trouxe só fortaleceu isso”, esclareceu.

Além da geração de empregos, aspectos como a criação de cursos universitários, qualidade de vida, fácil acesso a São Paulo por meio das rodovias Castello Branco e Raposo Tavares, além do custo de vida, também são levados em consideração para quem muda para a RMS. “Quando você compara com outras cidades, principalmente da Região Metropolitana de São Paulo, o custo de vida aqui é menor. Isso também fez as pessoas escolherem a região. Você também tem a disponibilidade de ensino e consolidação do setor de prestação de serviço. Quando você olha Sorocaba de 2010 até hoje, quantos shoppings chegaram? Quantos supermercados chegaram? Então, houve uma mudança também na qualidade dos serviços prestados à população”, acrescentou o economista.

Saldo negativo em oito cidades

Entretanto, oito municípios da Região Metropolitana de Sorocaba acompanharam as estatísticas da maioria das cidades paulistas e tiveram saldos negativos. No topo da lista da RMS está Tapiraí, com a saída de 5,37 pessoas por mil habitantes. Em seguida estão os municípios de Alumínio (-5,27), São Roque (-4,56), São Miguel Arcanjo (-4,47), Pilar do Sul (-3,55), Tietê (3,33), Piedade (-3,23) e Ibiúna (-3,22).

Geraldo Almeida comenta que o crescimento da migração dessas e das outras cidades nos próximos anos dependerá da chegada de novos investimentos à região. “Se você olhar, o eixo Castello/Sorocaba tem crescido bastante, o número de galpões logísticos por exemplo, só que você tem também a questão de tecnologia. Muito disso é atraído por empresas de tecnologia”. A questão é “como Sorocaba vai fazer para atrair mais esse tipo de empresa. Hoje existe essa consolidação, mas você tem que olhar o futuro, o que pode acontecer”, ressaltou o economista. Todavia, “aqui realmente ainda é o lugar em que as empresas tendem a fazer investimentos porque as outras pontas do Estado já estão um pouco mais saturadas do que aqui”, finalizou Almeida. (Vanessa Ferranti)