Imprensa

01.11.2022

Com idade média de 31 anos, pais de Bauru contam mudança de vida

Jornal Cidade de Bauru – 14/08/2022

Vitor Hugo Dias em momento com a filha Elisa; sonho em ser atleta profissional foi postergado para que ele se dedicasse completamente à paternidade

André Luiz, bancário, era um viajante assíduo, Vitor Hugo treinava para ser atleta profissional e Leandro trabalhava como músico e vivia mergulhado nas noites bauruenses. O que esses três homens têm em comum? Todos resolveram mudar de vida para exercerem ao máximo a paternidade que, para o trio, começou aos 31 anos. Trata-se, justamente, da idade média dos pais em Bauru, que é muito próxima à do Estado de São Paulo, segundo estudo da Fundação Seade.

Divulgado com base em informações colhidas nos Cartórios de Registro Civil, em 2021, a pesquisa aponta ainda que a média etária dos pais, homenageados neste domingo, tem aumentado, assim como no caso das mães. Em 2010, por exemplo, eles tinham, majoritariamente, entre 25 e 29 anos em todo o território paulista. Já a idade média das mulheres que se tornavam mães era de 21 anos e passou para 28 anos em 2021.

É possível que, por conta dos desafios, muitos estejam postergando paternidade e maternidade. E responsabilidade é o que demonstram os três entrevistados. Eles contam abdicar do que for preciso para acompanhar ao máximo o crescimento dos filhos.

O ATLETA

Técnico em manutenção concursado, Vitor Hugo Simões Dias, 32 anos, estava com a vida estabilizada e sonhava em ser atleta profissional. Aspiração ficou mais próxima entre 2018 e 2019, quando que ele conquistou a primeira colocação em duas corridas de rua, realizadas em Bauru e em Ribeirão Preto. A chegada da pandemia, contudo, desacelerou os objetivos, que caíram de vez por terra, pelo menos por enquanto, após a chegada da primeira filha dele, a Elisa, no ano passado, quando ele tinha 31 anos.

“Com o nascimento, não pratiquei mais a corrida, todo meu tempo de folga dedico a ela. Abdico de tudo o que puder para não perder qualquer minuto da infância da minha filha. Eles crescem rápido”, comenta Dias, que é casado com Giovana Fagundes desde 2017.

Hoje, a bebê tem 1 ano e dois meses e, devagar, ele planeja junto à esposa retomar os treinos, mas com foco apenas em 2023.

“A Elisa vem primeiro, depois penso em mim. Acredito que ser pai é abdicar dos próprios gostos e vontades para estar disponível ao filho, especialmente quando é bebê. Hoje, a prioridade nos meus momentos de folga é dar banho, trocar de fralda e fazer dormir”, pontua o pai. “Mas, não descarto voltar a treinar corrida para tentar, quem sabe em 2023, subir com ela no pódio”, completa Dias.

O VIAJANTE

A vida antes da paternidade também era bem diferente para o bancário André Luiz Tiepo Fonseca, 36 anos. Após casar-se em 2013 com Regina Fonseca, a rotina passou a ser repleta de viagens de lazer, nacionais e ao exterior. Difícil era o feriadão em que André e Regina ficavam em casa. Até que, em 2017, a primeira filha deles, chamada Cecília, nasceu.

“Quando ela veio ao mundo paramos de viajar. Só saíamos de casa para ver a família em outra cidade”, conta Fonseca.

Depois, houve o nascimento da segunda filha, Clara, o que adiou ainda mais os planos. Viajar de fato virou realidade apenas em 2022, após Cecília completar 5 anos e Clara 3 anos. “Fizemos nossa primeira grande viagem com elas para a Bahia e foi incrível”, conta Fonseca. “Elas trouxeram alegria para nossa vida”, acrescenta ele, comentando ainda que deixou para trás o biribol às segundas-feiras com os amigos para conseguir levá-las ao ballet.

Integrante de uma banda nas horas de folga, ele também parou de tocar com os colegas toda semana para passar a se apresentar a cada 90 dias. “Hoje, toco mais para minhas filhas. Ficar com elas em casa e receber um abraço quando chego já recarrega qualquer bateria”, ressalta o paizão.

O MÚSICO

Músico presente nas noites bauruenses por anos, Leandro Trípodi resolveu literalmente mergulhar em outro trabalho, como gerente de uma empresa, depois que sua primeira filha biológica, Isabel, nasceu. Na ocasião, ele tinha 31 anos e havia acabado de deixar a casa dos pais para morar com a esposa, Vanessa Trípodi e o enteado, Enzo.

“Foi aí que a chave virou e decidi que precisaria parar com a vida de sair sempre com amigos beber para focar mais em casa. Parei de tocar na noite com banda também. Tínhamos uma bebê e, além de ajudar com ela, era preciso me dedicar completamente ao trabalho para ter mais dinheiro para eles”, comenta Trípodi.

“Quando você vira pai para de pensar em si mesmo e passa a viver pela família. Meu prazer passou a ser chegar em casa e passar duas horas brincando com ela. Hoje, o mais velho já está na faculdade e a Isabel está com 9 anos. Somos muito amigos, conversamos de tudo, busco sempre ouvir. Acho que por isso tudo posso, sim, me considerar um paizão”, finaliza ele.